Acordar, estudar, limpar, dormir
A vida tem que ser mais que verbos,
Que modos imperativos e indicativos
Sejamos mais subjuntivos, subjetivos
Ao acordar, acariciar o cachorro e o gato,
Irrigar as plantas, sentir o aroma do café
Estudar aquilo que se gosta,
A filosofia dos pensamentos, as histórias de lutas e glórias
Limpar cantarolando,
Fazendo do hábito monótono uma expressão corporal
Adormecer repensando
Sobre o dia vivido, o diálogo tido, o beijo dado,
O abraço apertado, um elogio ouvido
segunda-feira, 9 de junho de 2014
segunda-feira, 2 de junho de 2014
sábado, 31 de maio de 2014
"Cinismo Ilustrado"
Esse Tumblr é de autoria do publicitário, ilustrador, escritor e designer mexicano Eduardo Salles, engajado nas questões sociais, com alguns toques de HQ, política, filosofia, sentimentos em sentido geral e outros pequenos detalhes que dão toque de humor às cenas, como por exemplo, se tratando de um politicamente incorreto.
Misto de conteúdo histórico com as culturas contemporâneas da atualidade!
Por também tratar da filosofia, como já dito, podemos reavaliar o nome escolhido. Segundo o site Significados, Cinismo é:
"Cinismo, palavra com origem no termo grego kynismós, é um sistema e doutrina filosófica dos cínicos. Em sentido figurado, o cinismo tem uma conotação pejorativa, sendo que designa um homem agudo e mordaz que não respeita os sentimentos e valores estabelecidos nem as convenções sociais.
"Alguém considerado cínico também pode ser alguém que é desavergonhado, descarado, imprudente, impassível ou obsceno.
"O cinismo foi uma escola filosófica grega, fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates. O seu nome deriva, segundo vários testemunhos, do fato de alguns membros da escola se reunirem no Cinosargo, ginásio situado perto de Atenas. Segundo outros, a sua origem vem da palavra grega kýon (que significa "cão"), pelo fato de Diógenes de Sinope dormir no local que era usado frequentemente como abrigo para cães, para assim demonstrar o seu desacordo com o modo de viver dos homens.
"A maior virtude para eles era a autarcia, o que se basta a si mesmo, e renunciar os bens e prazeres terrenos até conseguir uma total independência das necessidades vitais e sociais. O autodomínio permitia alcançar a felicidade, entendida como o não ser afetado pelas coisas más da vida, pelas leis e convencionalismos, que eram valorizados de acordo com o seu grau de conformidade com a razão.
"O ideal do sábio era a indiferença perante o mundo. As origens da escola, que remontam aos séculos III e II A.C., com um ressurgimento posterior, nos séculos I e II d.C., foram objeto de discussão. Alguns filósofos a classificam como escola socrática, na linha de Sócrates-Antístenes-Diógenes. Outros negam a relação Antístenes-Diógenes, não a consideram uma escola socrática e vêm em Diógenes o seu fundador e inspirador".
A seguir, ilustrações de Salles:
Para acessar o Tumblr, clique aqui.
Misto de conteúdo histórico com as culturas contemporâneas da atualidade!
Por também tratar da filosofia, como já dito, podemos reavaliar o nome escolhido. Segundo o site Significados, Cinismo é:
"Cinismo, palavra com origem no termo grego kynismós, é um sistema e doutrina filosófica dos cínicos. Em sentido figurado, o cinismo tem uma conotação pejorativa, sendo que designa um homem agudo e mordaz que não respeita os sentimentos e valores estabelecidos nem as convenções sociais.
"Alguém considerado cínico também pode ser alguém que é desavergonhado, descarado, imprudente, impassível ou obsceno.
"O cinismo foi uma escola filosófica grega, fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates. O seu nome deriva, segundo vários testemunhos, do fato de alguns membros da escola se reunirem no Cinosargo, ginásio situado perto de Atenas. Segundo outros, a sua origem vem da palavra grega kýon (que significa "cão"), pelo fato de Diógenes de Sinope dormir no local que era usado frequentemente como abrigo para cães, para assim demonstrar o seu desacordo com o modo de viver dos homens.
"A maior virtude para eles era a autarcia, o que se basta a si mesmo, e renunciar os bens e prazeres terrenos até conseguir uma total independência das necessidades vitais e sociais. O autodomínio permitia alcançar a felicidade, entendida como o não ser afetado pelas coisas más da vida, pelas leis e convencionalismos, que eram valorizados de acordo com o seu grau de conformidade com a razão.
"O ideal do sábio era a indiferença perante o mundo. As origens da escola, que remontam aos séculos III e II A.C., com um ressurgimento posterior, nos séculos I e II d.C., foram objeto de discussão. Alguns filósofos a classificam como escola socrática, na linha de Sócrates-Antístenes-Diógenes. Outros negam a relação Antístenes-Diógenes, não a consideram uma escola socrática e vêm em Diógenes o seu fundador e inspirador".
A seguir, ilustrações de Salles:
Para acessar o Tumblr, clique aqui.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
"A História das Coisas"
Há incontáveis vídeos nesse mundo cibernético! O critério para o interesse em assistir varia, podendo ser por recomendações, por acaso, por procura de determinado tema e até aqueles que estão na emenda da nossa atividade em sala de aula. No meu caso, os critérios se fundiram.
Este vídeo é realmente um diferencial na nossa rotina de cliques no Youtube. "A História das Coisas" (em inglês, "Story Of Stuff") não é somente o nome do vídeo popular que, até o momento, foi assistido 342.126 vezes - isso sem contar com os compartilhamentos, as edições, as traduções de outrem e até mesmo a sequência de outros vídeos do projeto. No site, você encontra o seguinte texto:
"We have a problem with Stuff. We use too much, too much of it is toxic and we don’t share it very well. But that’s not the way things have to be. Together, we can build a society based on better not more, sharing not selfishness, community not division.
"The Story of Stuff Project’s journey began with a 20-minute online movie about the way we make, use and throw away all the Stuff in our lives. Five years and 40 million views later, we’re a Community of 500,000 changemakers worldwide, working to build a more healthy and just planet. We invite you to watch and share our movies, participate in our study programs and join our campaigns. Come on, let’s go!"
O que, em português, ficaria mais ou menos assim:
"Nós temos um problema com coisas. Nós usamos muito, muito do que é tóxico e nós não o compartilhamos muito bem. Mas, esse não é o caminho que as coisas precisam ter. Juntos, nós conseguimos construir uma sociedade baseada no melhor, não no maior (quantitativamente), a partilhar sem egoísmo, a comunidade sem divisão.
"O projeto 'A História das Coisas' começou com um filme online de 20 minutos sobre o modo que fazemos, usamos e jogamos fora todas as coisas em nossas vidas. Cinco anos e 40 milhões de visualizações depois, nós somos uma Comunidade de 500.000 Changemakers em todo o mundo, trabalhando para construir um planeta mais saudável e justo. Nós convidamos você para assistir e compartilhar nossos filmes, participar dos nossos programas de estudo e se juntar às nossas campanhas. Vamos, venha!"
Clique aqui para acessar a página do projeto.
Este vídeo é realmente um diferencial na nossa rotina de cliques no Youtube. "A História das Coisas" (em inglês, "Story Of Stuff") não é somente o nome do vídeo popular que, até o momento, foi assistido 342.126 vezes - isso sem contar com os compartilhamentos, as edições, as traduções de outrem e até mesmo a sequência de outros vídeos do projeto. No site, você encontra o seguinte texto:
"We have a problem with Stuff. We use too much, too much of it is toxic and we don’t share it very well. But that’s not the way things have to be. Together, we can build a society based on better not more, sharing not selfishness, community not division.
"The Story of Stuff Project’s journey began with a 20-minute online movie about the way we make, use and throw away all the Stuff in our lives. Five years and 40 million views later, we’re a Community of 500,000 changemakers worldwide, working to build a more healthy and just planet. We invite you to watch and share our movies, participate in our study programs and join our campaigns. Come on, let’s go!"
O que, em português, ficaria mais ou menos assim:
"Nós temos um problema com coisas. Nós usamos muito, muito do que é tóxico e nós não o compartilhamos muito bem. Mas, esse não é o caminho que as coisas precisam ter. Juntos, nós conseguimos construir uma sociedade baseada no melhor, não no maior (quantitativamente), a partilhar sem egoísmo, a comunidade sem divisão.
"O projeto 'A História das Coisas' começou com um filme online de 20 minutos sobre o modo que fazemos, usamos e jogamos fora todas as coisas em nossas vidas. Cinco anos e 40 milhões de visualizações depois, nós somos uma Comunidade de 500.000 Changemakers em todo o mundo, trabalhando para construir um planeta mais saudável e justo. Nós convidamos você para assistir e compartilhar nossos filmes, participar dos nossos programas de estudo e se juntar às nossas campanhas. Vamos, venha!"
quarta-feira, 28 de maio de 2014
O que o ser heterodoxo tem em comum com o analfabetismo funcional?
Vamos analisar as duas características citadas no título. O que é o o analfabeto funcional? É aquela pessoa que lê, podendo até decorar letras, frases, textos, porém não os compreende, não os interpreta. Diante da nossa sociedade, vemos que essa é uma característica presente na maioria, do não-estudante até o graduando! E o que é o ser heterodoxo? É aquele que foge do senso-comum, possui uma visão diferente.
Lendo a matéria do veículo de informação Carta Capital, encontrei a ligação de ambos.
Segundo o autor da publicação, Braulio Tavares, quão bom seria um aluno heterodoxo! Fugindo dos padrões estabelecidos, um aluno iria se expor informalmente sobre determinada coisa, o que já seria benéfico. Sendo assim, não é necessário, no decorrer da vida, que tenhamos uma exposição perfeccionista, seguindo normas pragmáticas, ao contrário, dependendo da vivência cultural-social de cada indivíduo, nossas percepções variam, que são insubstituíveis e ainda mais enriquecedoras!
Clique aqui para acessar a publicação de Braulio.
Lendo a matéria do veículo de informação Carta Capital, encontrei a ligação de ambos.
Segundo o autor da publicação, Braulio Tavares, quão bom seria um aluno heterodoxo! Fugindo dos padrões estabelecidos, um aluno iria se expor informalmente sobre determinada coisa, o que já seria benéfico. Sendo assim, não é necessário, no decorrer da vida, que tenhamos uma exposição perfeccionista, seguindo normas pragmáticas, ao contrário, dependendo da vivência cultural-social de cada indivíduo, nossas percepções variam, que são insubstituíveis e ainda mais enriquecedoras!
Clique aqui para acessar a publicação de Braulio.
terça-feira, 20 de maio de 2014
A Natureza do Problema, por Mauro Guimarães
"Quando tanto se fala, como hoje em dia, em educação ambiental é porque há um reconhecimento da sociedade de que existem alguns problemas com o meio ambiente, ou melhor, na relação ser humano-natureza. Tradicionalmente a educação é chamada para solucionar os problemas sociais, como sendo a grande redentora da sociedade. Se o problema é com a sexualidade, cria-se a educação sexual; se é com o trânsito, educação para o trânsito; se é com o meio ambiente, educação ambiental, e por aí vai. Mas de que educação, de um modo geral, e em particular ambiental, estamos falando?
"Partindo do reconhecimento de que há hoje uma crise ambiental, decorrente de um processo histórico que colocou a sociedade humana e a natureza em lados opostos, peço para pensarmos na caminhada da humanidade e identificarmos, em paralelo a essa caminhada, um processo de individualização da humanidade.
"Retrocedendo até aos homens das cavernas, pode-se perceber a postura grupal submetida às forças naturais estabelecidas nas relações ecológicas. Éramos caça e caçadores perfeitamente identificados em uma cadeia alimentar. Éramos uma das partes integradas ao todo natural.
"Na outra extremidade desse processo histórico-cultural chegamos às sociedades contemporâneas, à modernidade baseada em uma visão liberal de mundo (indivíduo como célula mater da sociedade), em que a individualização chega ao extremo do individualismo, do egoísmo, do cada um por si.
"Nesse contexto, os seres humanos sentem-se cada vez mais partes isoladas do todo e rompem, entre outros, o elo de ligação com a natureza. Do sentimento de não pertencimento à natureza para o de dominação e exploração foi um pequeno passo das sociedades humanas.
"O que prevalece hoje são os interesses individuais/particulares sobre as necessidades comuns, coletivas, do conjunto. Essa prevalência justifica-se por essa postura individualista e antropocêntrica - quando a humanidade se vê como o centro e tudo que está ao seu redor existe para atender aos seus interesses. Essas posturas, somadas à competição exacerbada entre indivíduos, classes sociais e nações, à acumulação privada de um bem público que é o meio ambiente e à concentração da riqueza, entre outras, intensificou tremendamente a exploração do meio ambiente e o distanciamento entre os seres humanos dessa sociedade urbano-industrial e a natureza, o que produz a degradação de ambos.
"Meio ambiente é conjunto, é sistêmico, precisa ser percebido em sua realidade complexa, na sua totalidade.
"A exploração da natureza como se fosse um recurso inesgotável, vista de forma fragmentada, sem a preocupação e o respeito com as relações de equilíbrio ecológico e sua capacidade de suporte, que seriam melhor percebidas a partir de uma visão de totalidade, resultaram nos graves problemas ambientais da atualidade.
"É aqui que a educação ambiental vem sendo chamada para "resolver" os problemas da nossa sociedade urbano-industrial. Mas qual a "natureza" desses problemas?
"Ao nos remetermos, por exemplo, às realidades rurais, talvez possamos pensar que, pela maior presença de elementos naturais nesse meio, os problemas ambientais são aqueles distantes, como o desmatamento da Amazônia, ou os globais, como o buraco na camada de ozônio ou efeito estufa. Mas ao nos aproximarmos dessas realidades locais, percebemos que ocorrem também vários problemas socioambientais, como agrotóxico, erosão, desmatamento, contaminação das águas, concentração de terras, pobreza etc. No entanto, esses problemas localizados, mesmo em pequenas comunidades, acontecem em todo o mundo.
"Os problemas ambientais locais e globais se interrelacionam, não são aspectos isolados de cada realidade. Portanto, a "natureza" do problema está no atual modelo de sociedade, individualista, consumista, concentrador de riqueza, que gera destruição, antagônico às características de uma natureza que é coletiva, que recicla, que gera a vida.
"Esse é um dos problemas centrais em que a educação ambiental deve se debruçar: entender as estruturas dessa sociedade, a sua dinâmica intermediada pelas relações desiguais de poder, as suas motivações dinamizadas pelo privilégio aos interesses particulares. É desvelar a origem dos problemas ambientais e não apenas nos restringirmos às suas conseqüências.
"Qual proposta de educação dará conta disso? Será uma educação tradicional que acredita que o comportamento da sociedade é resultado da soma dos comportamentos de cada indivíduo? Que o professor transmite os conhecimentos corretos e que disso resultará na mudança de comportamento dos alunos, solucionando assim os problemas? Que acredita que somando esses comportamentos "corretos" teremos uma nova sociedade? Será que dessa forma superaremos os problemas ambientais? Basta transmitir o conhecimento certo aos nossos alunos que eles terão consciência ecológica?
"Essa educação tradicional é eminentemente teórica, pelo papel do professor como transmissor de conhecimentos, e é passiva, pelo aluno ser o receptor desse conhecimento. Reforça valores individualistas quando acredita que o indivíduo é que forma a sociedade, quando não valoriza as relações sociais entre esses indivíduos. É presa ao conteúdo dos livros sem contextualizar em uma realidade socioambiental, podendo, portanto, ficar restrita à sala de aula, não estimulando a interação desses indivíduos em um processo de intervenção na realidade social. É uma educação "bancária", conservadora, pouco apta a mudanças sociais, conforme denunciava o mestre Paulo Freire.
"A proposta que nos movimenta é de uma educação crítica, que compreende a sociedade como um sistema, em que cada uma de suas partes (indivíduos) influencia o todo (sociedade), mas ao mesmo tempo a sociedade, os padrões sociais, influenciam os indivíduos. Portanto, para haver mudanças significativas não bastam apenas mudanças individuais (partes), mas necessita-se também mudanças recíprocas na sociedade (todo).
"Nessa relação (dialética) entre indivíduo e sociedade é que se constrói o processo de uma educação política, que forma indivíduos como atores (sujeitos) sociais, aptos a atuarem coletivamente no processo de transformações sociais em busca de uma nova sociedade ambientalmente sustentável. Nesse processo eles se transformam também, se educam, se conscientizam. Indivíduos que se transformam atuando no processo de transformações sociais.
"Para essa educação ambiental que acreditamos crítica, os problemas ambientais não são atividades fins, conforme demonstra Layrargues (1999), em que a solução se daria por mudanças comportamentais de cada indivíduo, como normalmente se trata, por exemplo, a questão do lixo no chão. Para essa proposta crítica, os problemas ambientais são temas geradores que problematizam a realidade para compreendê-la, instrumentalizando para uma ação crítica de sujeitos em processo de conscientização. Como no exemplo anterior, seria questionar o porque essa sociedade produz tanto lixo.
"Portanto, de forma contrária à educação tradicional, essa é uma educação voltada para uma ação-reflexiva (teoria e prática - práxis), coletiva, em que seu conteúdo está para além dos livros, está na realidade socioambiental, ultrapassando os muros das escolas. É uma educação política voltada para a transformação da sociedade. Essa é, assim como nos disse Paulo Freire, uma Pedagogia da Esperança, capaz de construir o inédito viável dos que acreditam na possibilidade de um mundo melhor".
Mauro Guimarães é Doutor em Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ), Mestre em Educação (UFF), Especialista em Ciências Ambientais (UFRRJ) e Graduado em Geografia (UFRJ).
Clique aqui para acessar o texto na íntegra.
"Partindo do reconhecimento de que há hoje uma crise ambiental, decorrente de um processo histórico que colocou a sociedade humana e a natureza em lados opostos, peço para pensarmos na caminhada da humanidade e identificarmos, em paralelo a essa caminhada, um processo de individualização da humanidade.
"Retrocedendo até aos homens das cavernas, pode-se perceber a postura grupal submetida às forças naturais estabelecidas nas relações ecológicas. Éramos caça e caçadores perfeitamente identificados em uma cadeia alimentar. Éramos uma das partes integradas ao todo natural.
"Na outra extremidade desse processo histórico-cultural chegamos às sociedades contemporâneas, à modernidade baseada em uma visão liberal de mundo (indivíduo como célula mater da sociedade), em que a individualização chega ao extremo do individualismo, do egoísmo, do cada um por si.
"Nesse contexto, os seres humanos sentem-se cada vez mais partes isoladas do todo e rompem, entre outros, o elo de ligação com a natureza. Do sentimento de não pertencimento à natureza para o de dominação e exploração foi um pequeno passo das sociedades humanas.
"O que prevalece hoje são os interesses individuais/particulares sobre as necessidades comuns, coletivas, do conjunto. Essa prevalência justifica-se por essa postura individualista e antropocêntrica - quando a humanidade se vê como o centro e tudo que está ao seu redor existe para atender aos seus interesses. Essas posturas, somadas à competição exacerbada entre indivíduos, classes sociais e nações, à acumulação privada de um bem público que é o meio ambiente e à concentração da riqueza, entre outras, intensificou tremendamente a exploração do meio ambiente e o distanciamento entre os seres humanos dessa sociedade urbano-industrial e a natureza, o que produz a degradação de ambos.
"Meio ambiente é conjunto, é sistêmico, precisa ser percebido em sua realidade complexa, na sua totalidade.
"A exploração da natureza como se fosse um recurso inesgotável, vista de forma fragmentada, sem a preocupação e o respeito com as relações de equilíbrio ecológico e sua capacidade de suporte, que seriam melhor percebidas a partir de uma visão de totalidade, resultaram nos graves problemas ambientais da atualidade.
"É aqui que a educação ambiental vem sendo chamada para "resolver" os problemas da nossa sociedade urbano-industrial. Mas qual a "natureza" desses problemas?
"Ao nos remetermos, por exemplo, às realidades rurais, talvez possamos pensar que, pela maior presença de elementos naturais nesse meio, os problemas ambientais são aqueles distantes, como o desmatamento da Amazônia, ou os globais, como o buraco na camada de ozônio ou efeito estufa. Mas ao nos aproximarmos dessas realidades locais, percebemos que ocorrem também vários problemas socioambientais, como agrotóxico, erosão, desmatamento, contaminação das águas, concentração de terras, pobreza etc. No entanto, esses problemas localizados, mesmo em pequenas comunidades, acontecem em todo o mundo.
"Os problemas ambientais locais e globais se interrelacionam, não são aspectos isolados de cada realidade. Portanto, a "natureza" do problema está no atual modelo de sociedade, individualista, consumista, concentrador de riqueza, que gera destruição, antagônico às características de uma natureza que é coletiva, que recicla, que gera a vida.
"Esse é um dos problemas centrais em que a educação ambiental deve se debruçar: entender as estruturas dessa sociedade, a sua dinâmica intermediada pelas relações desiguais de poder, as suas motivações dinamizadas pelo privilégio aos interesses particulares. É desvelar a origem dos problemas ambientais e não apenas nos restringirmos às suas conseqüências.
"Qual proposta de educação dará conta disso? Será uma educação tradicional que acredita que o comportamento da sociedade é resultado da soma dos comportamentos de cada indivíduo? Que o professor transmite os conhecimentos corretos e que disso resultará na mudança de comportamento dos alunos, solucionando assim os problemas? Que acredita que somando esses comportamentos "corretos" teremos uma nova sociedade? Será que dessa forma superaremos os problemas ambientais? Basta transmitir o conhecimento certo aos nossos alunos que eles terão consciência ecológica?
"Essa educação tradicional é eminentemente teórica, pelo papel do professor como transmissor de conhecimentos, e é passiva, pelo aluno ser o receptor desse conhecimento. Reforça valores individualistas quando acredita que o indivíduo é que forma a sociedade, quando não valoriza as relações sociais entre esses indivíduos. É presa ao conteúdo dos livros sem contextualizar em uma realidade socioambiental, podendo, portanto, ficar restrita à sala de aula, não estimulando a interação desses indivíduos em um processo de intervenção na realidade social. É uma educação "bancária", conservadora, pouco apta a mudanças sociais, conforme denunciava o mestre Paulo Freire.
"A proposta que nos movimenta é de uma educação crítica, que compreende a sociedade como um sistema, em que cada uma de suas partes (indivíduos) influencia o todo (sociedade), mas ao mesmo tempo a sociedade, os padrões sociais, influenciam os indivíduos. Portanto, para haver mudanças significativas não bastam apenas mudanças individuais (partes), mas necessita-se também mudanças recíprocas na sociedade (todo).
"Nessa relação (dialética) entre indivíduo e sociedade é que se constrói o processo de uma educação política, que forma indivíduos como atores (sujeitos) sociais, aptos a atuarem coletivamente no processo de transformações sociais em busca de uma nova sociedade ambientalmente sustentável. Nesse processo eles se transformam também, se educam, se conscientizam. Indivíduos que se transformam atuando no processo de transformações sociais.
"Para essa educação ambiental que acreditamos crítica, os problemas ambientais não são atividades fins, conforme demonstra Layrargues (1999), em que a solução se daria por mudanças comportamentais de cada indivíduo, como normalmente se trata, por exemplo, a questão do lixo no chão. Para essa proposta crítica, os problemas ambientais são temas geradores que problematizam a realidade para compreendê-la, instrumentalizando para uma ação crítica de sujeitos em processo de conscientização. Como no exemplo anterior, seria questionar o porque essa sociedade produz tanto lixo.
"Portanto, de forma contrária à educação tradicional, essa é uma educação voltada para uma ação-reflexiva (teoria e prática - práxis), coletiva, em que seu conteúdo está para além dos livros, está na realidade socioambiental, ultrapassando os muros das escolas. É uma educação política voltada para a transformação da sociedade. Essa é, assim como nos disse Paulo Freire, uma Pedagogia da Esperança, capaz de construir o inédito viável dos que acreditam na possibilidade de um mundo melhor".
Mauro Guimarães é Doutor em Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ), Mestre em Educação (UFF), Especialista em Ciências Ambientais (UFRRJ) e Graduado em Geografia (UFRJ).
Clique aqui para acessar o texto na íntegra.
Ainda Há Tempo, Criolo
Se quer saber,
então vou te falar
porque as pessoas sadias adoecem,
bem alimentadas
ou não porque perecem?
Tudo está guardado na mente,
o que você quer nem sempre
condiz com o que o outro sente.
Eu tô falando é de atenção,
que dá cola ao coração,
que faz marmanjo chorar
se faltar
um simples sorriso
ou às vezes um olhar,
e que se vem da pessoa errada
não conta,
a amizade é importante
mas o amor escancara tanto,
e o que te faz feliz
também provoca a dor,
a cadência do surdo no coro que se forjou
e aliás, cá pra nós, até o mais desandado
dá um tempo na função quando percebe que é amado.
E as pessoas se olham e não se falam,
se esbarram na rua e se maltratam,
usam a desculpa de que nem Cristo agradou,
falô, você vai querer mesmo se comparar com o Senhor?
As pessoas não são más,
elas só estão perdidas,
ainda há tempo.
Não quero ver
você triste assim não
que a minha música possa
te levar amor.
Exemplo não sou, estou longe de ser,
cidadão comum com vontade de vencer.
RAP, que energia é essa?
Um dom, um carma,
uma dívida, uma prece,
e infelizmente tem
alguns que desmerecem.
É tanta coisa na cabeça,
sai fora, me esquece,
sem saúde, sem paz
o nosso povo padece.
No Grajaú, só,
num frio de dar dó,
esperando a lotação
pra ir pro evento de RAP,
lembrei de alguém
que não está mais entre a gente,
a Dona Morte vem,
carrega os manos na mó pressa,
uma estrela a mais no céu
o rimador falta na Terra.
Deus sabe sempre o que tá fazendo,
mesmo sabendo disso eu sofro,
vai vendo.
Quem tem noção das coisas
sente o peso da maldade,
a cobrança é maior,
a inteligência traz vaidade,
quem se deixou levar
fraquejou, essa é a verdade,
aprenda com os erros,
não se sinta um covarde.
Na praia Jesus me carregou no colo,
eu vi um par de pegadas,
não entendi o óbvio,
que o fardo não é maior
do que eu posso carregar.
Se a vida é um jogo então
vamos ganhar!
As pessoas não são más,
elas só estão perdidas,
ainda há tempo.
Não quero ver
você triste assim não
que a minha música possa
te levar amor.
Então me fala, fala,
pergunta que não cala.
Se o RAP é pro bem então
por que tanta gente atrapalha?
Com o poder da mente
a maldade paraliso,
o mecanismo do sistema
é sugar sua alma vivo.
Seu sangue, seu suor,
são só um detalhe nisso,
chuva ácida será bem pior
que um lançamento de um míssil.
Entre o céu e o inferno,
no Grajaú me localizo,
flutuando na hipocrisia
do lodo e do fascismo,
pronto pra rimar,
um doido criolo mestiço,
eu não sou preto,
eu não sou branco,
eu sou do RAP,
eu sou bem isso.
Quem perdeu a noção
por luxúria tá perdido,
quem perdeu a razão
por dinheiro eu nem te digo.
Saúde e microfone
são as fórmulas de que preciso,
porque se o RAP tá comigo
eu não me sinto excluído.
As pessoas não são más,
elas só estão perdidas,
ainda há tempo.
Não quero ver
você triste assim não
que a minha música possa
te levar amor.
Fonte: http://www.vagalume.com.br/criolo/ainda-ha-tempo.html#ixzz32Iqzn400
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