sábado, 15 de junho de 2013

Assuntos Inacabados

  Estela era uma pessoa imperativa e com uma ótima memória. Ao dia, se lembrava de todas as conversas planejadas mas não tidas. Aquilo a deixava agoniada! Parecia que era um capítulo não vivido da sua vida.
  Com o tempo, a diminuição das suas aflições era perceptível, chegou até a admitir que seu temperamento tinha mudado. Porém, havia uma exceção, mas ela resguardava, talvez tentando acreditar na sua própria mentira. Partindo daí, iniciou um hábito: escrever cartas para essa tal "exceção". Dia, noite, em qualquer hora, assim que pintava a vontade, ela escrevia... Se formaram centenas!
  Um dia ensolarado, dos quais não era muito fã, Estela pára para tomar um sorvete e de longe avistou a Exceção. Não que ela já não tenha a visto antes - era impossível, pois moravam no mesmo bairro. Aquela foi a primeira vez que se sentiu de alma lavada. Escreveu e desabafou tanto nos papéis que não havia mais nada a dizer. 
  Os dois sentaram juntos, conversaram do presente e do futuro. Aquele encontro prometeu uma amizade. Além disso, Estela, ao olhar para as suas cartas, resolveu escrever a última:
  Fortaleza, 14 de junho de 2013.
  Hoje o encontrei e senti paz. Nossos assuntos do passado não têm mais significado, ficou bem claro ao conversarmos. Tenho agora uma única questão a tratar: o que fazer com tantas cartas? Bom, sinto pena de jogá-las fora, me foram tão úteis! Elas, sim, possuem ainda valor - não pelo o conteúdo, mas do que me proporcionaram.
Então, ela reunião todas, colocou em um envelope e escreveu: "Superação".

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